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terça-feira, 18 de junho de 2019

POESIA - AMOR EM PEDAÇOS


Amor em pedaços

I
Lembro teu nome de repente.
Tudo meu suspira
Com uma tristeza ímpar.
Lágrimas são sangue.

A dor, vinda sem jeito,
Sufoca a alegria tenra
Adoecendo esta criatura,
Chorosa como nuvem de inverno.

A angústia é tremenda
Não se podendo medi-la
Toma conta de tudo,
Fazendo-me morrer.

Meu lucro, meu amor,
Foi o nada.
Auferi muitos prejuízos
Por ter perdido seu amor.

Sentado na cadeira,
Penso muito em você.
Disperso minhas ilusões
Com meu querer.
II
Rosa frágil,
Descobri, infeliz e tarde
O quanto lhe amava.
Perdi-me no musgo.

Ouço as músicas,
Cantadas da realidade.
Sofro só, neste momento,
Nosso desencontro.

Teço mil frases,
Mas nenhuma alcança
Os extremos da minha angústia
Nutrida por tê-la perdido.

Cometi loucuras
Meu surto é meu castigo,
Pois do mundo
Não lhe mais do que lembranças.

Fecharam-se as portas.
Não encontro frestas, nem chances.
Ajoelho-me sofrido.
Choro por não ter nada.
III
Neste cubo solitário
Não há escadas
E janelas inexistem,
Restando a flor do passado.

Explodiria agora,
Talvez conseguisse o feito
De fugir desta prisão,
Libertando minha alma.

Fecharam-se, contudo, as saídas,
Prendendo-me na escuridão,
Me deixando apenas essa flor,
Lembrança do deserto.

Inspirou-me nesta arte, sempre.
Se eu sorrisse,
Era a melhor recordação.
Mesmo agora, ao chorar

Mereci o que fez.
Inesconde-me a derrota.
Exibindo meu fracasso,
Mostro-lhe minha humilhação.
IV
É tu amor,
Buscada algum dia.
Não lhe soube valorar,
Quando, rara, em minhas mãos.

Falha a caneta….
Nada escrevo de valor,
Pois falta a essência
Em minha vida, seu amor.

Chegam-me agora,
Cegando-me a alma.
Encontro, talvez, um caminho.
Palavras de liberdade.

Convergem num único feixe
As cores do mundo.
São traços comuns,
Mas raros nas sensações.

É a luz do fim de tudo,
Cuja força atravessa a janela
De meus rudes olhos.
São só imagens.

Percorro teu corpo
Com olhos atentos
Aos detalhes, divinamente, talhados.
Uma obra natural
Do Eterno Artista.
V

Em seus olhos eu vejo
O mesmo salvador
Da alma em perigo,
Cheia de solidão contida.
Seu perfume singular
Nem mais perfumada flor
Tem como exalar.
Seus cabelos são manto de ébano
De distinto brilho.
Reluzem ao poético olhar.
Quem me dera ter certeza
De que seu toque singelo
Fossem mais que afeto
De uma amiga sincera.

VI

Toda noite,
Olho pela janela do meu quarto
Vejo nas estrelas seu retrato
E choro loucamente de saudades
Sozinho, fico no silêncio a recordar
Os lindos momentos que tivemos
São tantas histórias pra contar
Sinto falta daquela meiguice no olhar
Do seu jeito de me abraçar
Quando das tardes de domingo
O sorriso , é alma de toda memória
Guardado no arquivo de lembranças
Deste que lhe ama sem limites
Saiba agora
Que nada tenho pra contar
Pois o que podia ser contado
Meus olhos falam mais por mim.
VII

Marcado com finos traços
Feitos por uma faca
Que deixou recados
Torno lá ná praia
Dando sombra e palha
A seu vagabundo
Pé quem não dorme
Em dias chuvosos
De costas para o vento
Entorna, mas não cai
Quenga dura, bruxa louca
Passeia pelas dunas
Enfeita a doce musa

VIII

Quando se toca
É para ouvir
Faz uma prece
Para sorrir
Os leves dedos estão aqui
Repousando inertes no marfim.
As notas que soam uma canção,
Falam sozinhas ao coração,
Acordes e harmônicas,
Cordas filarmônicas
Inexiste confusão para vocês,
Compõem-se de raros versos
Na rara e inumana voz
Dos frutos humana sabedoria.

IX

Entra minh’alma regojizada
Mais livre canta
Ao bem-te-vi se comparada
Ao momento acresce
O instante em que se vê
Em meus olhos, o rutilante brilho da sorridente
Descompassadamente palpitam
As embriagadas batidas
Do coração em euforia
Pelas palavras em claras nuvens
O espaço neural a percorrerem
Quem pode medir
Ou ao menos sentir
Das rosas o tintilar
Que este amante saúdam?
Por entre elas, o farsante cai
Que mal finge o que sente
Para o amor de sua vida
Menina próxima, mulher longe

X

No musculoso terreno
A sua bandeira é fincada
De quem sem ter em que plantar
Suas constantes dores em terra alheia
O vermelho de teus olhos
De entorpecidos não são
Mas chorosos por carecer
Dum certo chão
Para numa casa dormir
Do sofrimento se levanta-se
E logo pedras lhe atiram
O pai, sem dó lhe açoita
Como um cão sem dono
E realmente o é
Só que sem pai
Seu sangue o estrume negativa
E no fértil solo
A semente brota
Da amarga e revolta terra
Por não ter direito como irmão viver
XI
Meu corpo inteiro dói
Pela enfermidade ruim
De que me apoquenta
Sem sequer licença pedir
Meu dia muda
Pois antes na existia
Essa febre como companhia
Nem este calor sentido
A mão materna, preocupada,
Sobre a fronte se recosta
Mas assim não era
O carinho desejado
Febre, o inferno se aproxima
Enquanto o calafrio abala
As estruturas restantes
Do pobre doente que a melhora espera.
XII
Um grande amor
Não se esquece.
Num lugar se guarda:
O coração, caixa de lembranças.

Dúvidas, não cabem
Aqui, indesejáveis são
Desses males se afastar
De certa razão é

Um amor não se esquece
Antes, melhor é guardar
No coração, sem máculas
E com carinho o preservar.
XIII
Não pensei que fosse tarde
Então, atrás voltei
Voltar, lhe pedi
Se ainda me amasse

Mas logo descobri
O quanto te feri
Meu sonho por terra caiu
Ao ouvir tudo que ouvi

Se uma chance eu tivesse
Minha mudança mostraria
Sou sincero e amante
Outra vez te quero
Mas não você me disse

Já não sei o que é
Se o que entre nós existia
Para voltar seja o bastante
Agora me vê distante

Impossível de alcançar
Talvez, tarde já seja
Para de novo me amar
Chorei até um rio formar

Todo dia um pouco choro
Sem conseguir esquecer
Que um dia te perdi

XIV
Toda a noite chorei
Até um rio formar
Nele um barco pus
Para ao infinito navegar
Ao longo da jornada
Minhas dores reencontrei
E durante minutos
Meu itinerário prolonguei
Meu rumo perdi
Tantas vezes foram
Pois, a estrela faltava
De meu destino guiadora é
Uma noite mais chorei, chorei
Até um mar formar
Nele meu barco se perdeu
Pois, ao infinito navegou
Lá os rumos não se encontram
Também a bússola perdi
Então, fiquei circulando
Sem algum lugar chegar
Das eternas voltas cansei
Ao parar o barco olhei
A água tão cristalina
Meu rosto não reconheci
Meu rosto já não era
Era todo mar
Infinitamente só

XV

Quem me diria
Que num belo dia
Em mãos cairia
Uma gota de lágrima
E num gesto paternal
No colo lhe acolheria
Com amor tratando-a
Ternura que nunca teve
Pois comum ela não era
Alegre e distinta era
De outras de tristeza vindas
Se hoje chorasse
angustia não seria
Mas certeza lívida
De arguta felicidade.

XVI

Quantas vezes te vi?
Quantas eu te tive?
Quantas partir lhe deixei
Quanto amargamente não sofro
Meu erro não foi te amargamente
Foi não saber dizer
O quanto te amei
E claro por não lhe terça-feira
Por mim ainda seria
Somente nós, somente
Juntos outra vez
Por toda vida amantes
Mas não, só estou
Só constantemente
Feliz, posso ser
Se teu amor não tenho mais?
XVII
Por dentro cachoeira pareço
Dos olhos, chorando escondido
Mas diante do coração
Este só meu sofrimento conhece
Por entre as cavidades escorro
A orgânica água da tristeza
Meu interior vai desbravando
Pela dor entristecido
A saudade me dói
Mas saudade não é
Pois há pouco lhe vi
De tua pessoa solidão é
As quedas acompanham
O som mártir de um sonhador
Soluços de sofredor
Como sangue correndo.
XVIII
Minha pele os sabres cortam
Na viva tela desenham
O castigo merecido
Por tão orgulhoso ser
O sangue pelo corpo escorre
Meus restos banhando
Minha sombra vermelho se torna
De sua inteireza se esvaindo
Em convulsões me contorço
Inerte ante a ferida caindo
No frio chão sucumbo
Minhas pegadas beijando
A redenção eu busco
Inutilmente o perdão tentando
As negativas só recebo
Mais e mais me fragilizando.
XIX
A lua nem apareceu
O contato não cresceu
Tudo ao tempo sumindo
Sem nada querer ou pedir
O plantado se colhe
Pobre astro apaixonado
A semente se rega
Que com seus espinhos me fere
Dos escarninhos me desligo
Aos tortos olhos me cego
Das mágoas se despercebendo
Somente o rubor sinto
De minha obra odiada
XX
Quero apenas lhe falar
De palavras rebuscadas
De um erudito coração
Já antigo de um amor envelhecido
Não quero vislumbrar
Nem em sonho sequer
A realidade quero
De poder lhe abraçar
Mil novidades contar
XXI
As águas do mar batem
As rochas, seu destino são
Meu coração forte atingem
Seu amor minha canção é
Você , meu oceano
O meu lamento ninguém ouve
E a cada minuto aumenta
O meu constante sofrer
Dessa tal prisão quero sair
E meu coração libertar.
XXII
Vida, não escolhe nem a hora
De partir e ir embora
Para nunca mais voltar
Vida, se quiser a gente adora
Querendo a gente chora,
E até podemos rir e sorrir
Agora, é amar a quem te gosta
Pois é, uma vida sem hora
Que não deixa ir embora, nem partir
E assim, vou vivendo sem demora
Esperando minha hora
De chorar, rir e cantar
E até mesmo… ir embora.
XXIII
Se pudesse falar
A língua dos puros
Do amor eu falaria
Que em mim habita
Sendo como sou
Idem, poderia dizer
Mas de modo mais ingênuo
Melhor pareceria
Cada parte eu amo
Que teu todo forma
Inocentemente, eu amo
Como criança lhe querendo
Criança acanhada
Que nas palavras busca
O que só na inocência
Mais posso lhe contar
Sobre tamanha paixão
Que de mim se apoderou
XXIV
Um dentre milhões apenas somos
Que dolorosas penas, os corações sofrem
Articulações dum grande amor
Que em tristes mágoas acabou
Tudo ao telefone começa
Choros, lástimas, o mesmo nome têm
Sede de carinho é o que se sente
O pequeno coração sofre
Duras palavras são triste canção
Praças, pessoas, nos circulam
àqueles videntes do alheio sofrimento
Não, meu amor
O teu calor hoje não me negues
A ti do lugar distante vim
Minha dor cortante, por favor, sara
Em meus olhos o terno amor veja
Ao olhar-me sinta o que sinto
Minha esperança não a mate.

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